Médico onipresente em Luziânia

Luziânia - O médico Cláudio Henrique Ferreira Gonçalves é um desses profissionais que não tem o direito de reclamar da sorte. Muito pelo contrário, ele é um privilegiado. E foi exatamente tantos privilégios adquiridos pelo médico que fez com que o vereador tucano Chico da Antarctica oferecesse representação no Ministério Público (MP) contra ele e contra o prefeito Cristóvão Tormin (PSD). 

Motivos para o parlamentar desconfiar de uma suposta improbidade administrativa existem de sobra. Na verdade, tanto Tormin quanto Cláudio Henrique terão dificuldades em explicar ao MP porque o profissional é coordenador geral do SAMU de Luziânia e chefe do SAMU de Valparaíso. E como com tantos afazeres ainda recebeu em 13 de maio de 2013 R$ 4.800,00 do Hospital Regional de Luziânia, através do empenho 5546 por atendimento naquela unidade.

E os fatos suspeitos continuam aparecendo segundo Chico da Antarctica. “Em janeiro de 2013 o médico recebeu 6 mil reais pelo SAMU de Luziânia. No mês de fevereiro do mesmo ano o salário dele saltou para 8 mil reais. Já em janeiro de 2015, o valor pelo mesmo serviço pulou para 22 mil reais. Para se ter uma ideia de que a nossa suspeita tem sentido, de janeiro de 2014 a dezembro de 2014, o valor recebido pelo Dr. Cláudio foi de R$ 295.250,00, uma média de R$ 24.604,16 mensais”, disse Chico, acrescentando que antes de entrar com a ação na justiça, tentou sem sucesso, obter uma explicação do Secretário de Saúde Watherson Roriz.

Durante a administração Cristóvão Tormin, o profissional faturou do SAMU de Luziânia, via prefeitura, mais 614 mil reais, fora o que recebeu pelos atendimentos no HRL. Documentos que temos em mãos comprovam que como chefe do SAMU de Valparaíso o médico percebe cerca de 25 mil reais mensais.

EMPRESÁRIO - Mas se o leitor está pensando que o médico não consegue atender a demanda de seus empregos, o pior está por vir. Cláudio Henrique é diretor da Clínica CEME, localizada no Setor Aeroporto. E faz mais: além de administrar a unidade privada de saúde que pertence à sua família, o médico é um dos profissionais da casa. Mas ainda não acaba por aí as vantagens de Dr. Cláudio oriundas da prefeitura que tem como pano de fundo a letargia do prefeito Cristóvão. A CEME tem convênio com o Ipasluz Saúde. Em apenas um mês de 2014 a clínica recebeu do instituto R$ 180 mil. Como servidor do munício, a lei diz que sua empresa ou de qualquer pessoa de sua família não pode fazer convênio com o município. Para se ter ideia do tamanho do ilícito, segundo Chico da Antarctica, no dia 4 de fevereiro de 2013, o médico assinou a folha de ponto por Luziânia e por Valparaíso. E recebeu dos dois, como se o ser humano pudesse estar em dois lugares ao mesmo tempo.

No dia 4 de julho, sexta-feira, nossa reportagem procurou Cláudio Henrique. O médico não foi encontrado no SAMU de Luziânia, no mesmo órgão de Valparaíso e muito menos no HRL. Entramos em contato com a Clínica CEME. A secretária que nos atendeu confirmou que ele é diretor da clínica e que também atende nela, mas que o mesmo só poderia atender a nossa reportagem na segunda-feira, dia 17. Oferecemos espaço para qualquer tipo de explicação que Cláudio Henrique queira dar.

Número dos empenhos dos pagamentos efetuados ao médico: 3218, 1251, 1350, 5546, 5555, 5572, 1047, 1271, 1270, 1268, 1067, 1006 e 2086. O maior deles foi o empenho 3218 no valor de R$ 295.250,00. Existem também empenhos nos valores de R$ 119 mil e R$ 85 mil reais.

Com informações de Afrânio Meireles
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