Índios ocupam BR-040 em frente à empresa Friboi em Luziânia

Os indígenas atribuem à companhia a responsabilidade pelo avanço de matérias que ameaçam os direitos destes povos

Cerca de 200 índios ocuparam nesta segunda-feira (9) parte da BR-040, que liga Brasília a Valparaíso de Goiás. O protesto começou às 10h, em frente à empresa frigorífica JBS Friboi, em um protesto contra propostas que tramitam no Congresso Nacional, como a PEC 215, que altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas florestais.

Os indígenas atribuem à companhia a responsabilidade pelo avanço de matérias que ameaçam os direitos destes povos. “A JBS financiou a campanha de 162 deputados eleitos e são os que estão tocando pautas como a PEC 215, CPI da Funai. Eles querem mostrar que a JBS está contribuindo com estes ataques aos povos inídigenas que estão em curso por parte da bancada ruralista eleita com recursos dela [da empresa]”, disse o secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber César Buzatto, que acompanha a manifestação.

Segundo ele, no local estão 150 kayapós, que vieram do Pará e de Mato Grosso, e 50 pataxós, que chegaram hoje da Bahia. Entre eles, uma das lideranças, Sandro Kaiapó, da terra indígena no Pará, disse que a intenção do grupo é permanecer em Brasília até o final da semana. “A gente sabe que quem financiou a maior parte das campanhas de parlamentares da bancada ruralista foi a JBS que tem influência em propostas que afetam áreas indígenas. É para chamar atenção da empresa e de autoridades sobre o que ela [empresa] está fazendo sem o nosso aval e quem deveria dar apoio à população [parlamentares] está massacrando nosso povo”, disse.

Sandro explicou que o protesto em frente à empresa JBS não deve se estender para outros dias. A intenção é que a partir de terça-feira (10) o grupo tente se reunir com líderes parlamentares e com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar sensibilizar o Legislativo e brecar o avanço de algumas matérias.

O principal foco da manifestação é a PEC. Desde a semana passada, kaiapós estão tentando articular reuniões com os deputados para evitar que o texto, aprovado no último dia 27 por uma comissão especial, também tenha o aval dos plenários da Câmara e do Senado, que precisam votar a matéria em dois turnos. “A PEC vai prejudicar os direitos de povos, que foram conquistados com tanto suor na Constituição. É um genocídio. Estamos dando sequência ao que foi feito pelo outro grupo, que estava no Congresso na semana passada, para tentar reverter esta situação e manter direitos adquiridos obtidos com muita luta”, afirmou Sandro Kaiapó.

A assessoria da JBS, que tem sede em São Paulo, foi procurada pela reportagem da Agência Brasil, mas até o fechamento desta matéria não respondeu. Segundo o Cimi, o protesto segue pacífico. No local, a Polícia Rodoviária Federal e efetivo da Polícia Militar tentam revezar as pistas para que o movimento não atrapalhe o tráfego.
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