Cerol: corte essa ideia

As férias de julho se aproximam e os ventos típicos da temporada convidam para um passatempo muito comum em várias cidades brasileiras: a prática de soltar pipas, ou papagaios. A brincadeira também representa riscos, já que muitos praticantes utilizam cerol (mistura de cola e vidro) nas linhas. A Via 040 alerta para a ameaça que a mistura representa, tanto para quem a usa, quanto para quem está no trânsito, principalmente ciclistas e motociclistas. 


Segundo dados do Hospital João XXIII, referência em pronto-atendimento na capital mineira, os acolhimentos às vítimas do cerol aumentam consideravelmente durante as férias escolares. As estatísticas do hospital apontam que em janeiro de 2015 houve mais atendimentos às vítimas do cerol do que no mesmo mês de 2014: 10 contra três.

Riscos

O cirurgião Paulo Roberto Carreiro afirma que chegam diariamente ao João XXIII pacientes que manuseiam o cerol, geralmente, com cortes nas mãos (às vezes profundos). Mas, grande parte das vítimas é atingida de forma involuntária. “Motociclistas e ciclistas estão mais expostos aos acidentes com cerol. Há casos de ferimentos muito graves como lesões na traqueia e perfuração de vasos do pescoço”, ressalta.

A BR-040 intercepta diretamente 35 municípios, muitos deles com moradias às margens da rodovia. Um exemplo é o trecho de 10,5 quilômetros do Anel Rodoviário de Belo Horizonte (MG), intervalo de intenso tráfego urbano. A prática de soltar pipas é muito comum nas cidades e segmentos alcançados pela rodovia, por isso, a conscientização de quem gosta da brincadeira é fundamental para garantir a segurança de todos.

Cuidados

As equipes de inspeção viária da Concessionária monitoram permanentemente todo o trecho sob gestão. Além do trabalho de conservação e limpeza das faixas de domínio, como por exemplo, o recolhimento de materiais perigosos como as linhas que podem causar acidentes, sempre que necessário, os colaboradores da Via 040 atuam também na conscientização das comunidades.

O coordenador de operação viária da empresa, Dorival Maria de Campos Filho, afirma que a equipe está sempre atenta e pronta para agir. “Quando encontramos pessoas soltando pipa às margens da rodovia, orientamos sobre os riscos e indicamos quais são os locais mais seguros para a brincadeira. Além disso, a viatura de inspeção realiza o recolhimento sistemático de qualquer objeto que possa colocar em risco a segurança da rodovia”, destaca.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas e Ciclistas de Minas Gerais (SindiMoto/MG), Rogério Lara, afirma que durante a temporada de pipas, os profissionais redobram o cuidado. “Quem trabalha sobre duas rodas convive com obstáculos todos os dias. Porém, durante as férias o risco é diferente, pois é preciso lidar com mais um perigo que é o cerol”, alega.

Rogério Lara confirma que a melhor alternativa para minimizar acidentes com cerol é a implantação das antenas no guidão de motos e bicicletas. De acordo com ele, a peça é de fácil instalação e o preço médio é de R$10.

Diversão Sadia

Para divertir-se soltando pipas não é preciso usar cerol. A conscientização chegou, inclusive, à internet. O cerol é usado por empinadores que travam lutas no céu, em que o objetivo é cortar a linha do oponente. Porém, há vídeos que ensinam como executar a manobra sem ter de recorrer ao uso do composto de cola e vidro.

O local adequado também é garantia de segurança e mais diversão. Soltar pipas às margens da rodovia é perigoso, devido à intensa circulação de automóveis e veículos de carga na via. A prática deve acontecer em terrenos planos, sem muitos obstáculos e longe da rede elétrica.

A atenção ao tráfego de veículos e pedestres é outra dica importante, pois diminui o risco de atropelamentos e outros acidentes, já que a linha, mesmo sem cerol, pode ocasionar cortes.

Cidades proíbem o uso

A proibição do cerol ainda não conta com uma legislação nacional. O Projeto de Lei (PL) 402, de 2011, que proíbe a utilização do composto, ainda tramita na Câmara dos Deputados. Alguns munícipios se adiantaram e aprovaram leis próprias para impedir a utilização e o comércio do cerol, como é o caso de Belo Horizonte. As infrações previstas vão desde advertência, passando por pagamento de multa, até a cassação do alvará de funcionamento, neste caso, aplicado a estabelecimentos que comercializam o produto.

O cirurgião Paulo Carreiro defende uma fiscalização mais efetiva para coibir o uso do cerol. “Além da conscientização é preciso punir quem ainda insiste em usar a mistura”, argumenta.

Fonte: VIA 040
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