|  | 
| Busto de Mãe Gilda é reinaugurado após ser alvo de vandalismo em Salvador (Foto: Elói Corrêa/GOVBA) | 
De acordo com dados do Disque Direitos Humanos – Disque 100 -, número de violações motivadas por intolerância religiosa cresceu 80% entre 2022 e 2023
Por Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) 
      O Brasil registrou 2.124 violações de direitos humanos          relacionadas à intolerância religiosa durante todo o ano de          2023. O número, divulgado pelo Disque 100 – Disque Direitos          Humanos, indica um aumento de 80% na comparação com o ano          anterior, quando foram compiladas 1.184 violações provenientes          de diversas regiões do Brasil. As religiões de matriz africana          seguem como as mais afetadas pela violência e intolerância          religiosa. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia          chamam atenção pela recorrência nos casos.
        A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos          Direitos Humanos e da Cidadania (ONDH/MDHC) divulgou o balanço          neste domingo (21/01) por ocasião do Dia Nacional de Combate à          Intolerância Religiosa.
        "Acredito na cultura de paz!", destaca a coordenadora-geral          de Promoção da Liberdade Religiosa do MDHC, Iyá Gilda de Oxum. À          frente da unidade que compõe a Secretaria Nacional de Promoção e          Defesa dos Direitos Humanos (SNDH/MDHC), a gestora ressalta o          poder da denúncia. "Toda e qualquer denúncia precisa ser feita          primeiramente pelo Disque 100. A partir disso, todas as          providências serão tomadas, inclusive no que diz respeito ao que          nos cabe como coordenação. Denunciar é mostrar que esses casos          não ficarão na impunidade", afirma.
        Sobre o aumento no número de denúncias, Iyá Gilda reforça          que, graças à divulgação do canal de denúncias, os casos ganham          maior visibilidade. "Os crimes de intolerância religiosa,          infelizmente, sempre existiram. O que mudou é que hoje nós temos          canais que nos dão o direito de fazer a denúncia sem medo e de          maneira anônima, como é o caso do Disque 100. Então, eu sempre          indico esse caminho para denunciar toda e qualquer tipo de          violência," analisa.
        A gestora destaca a criação, ocorrida há um ano, desse espaço          inédito na estrutura do MDHC. "Aqui na Coordenação-Geral nós          ouvimos, respeitamos, acolhemos e fazemos políticas afirmativas          para todas as religiões. Nossa missão, dentro do governo, é          dizer 'Pode!' Sim, você pode assumir sua religião sem medo e ser          respeitado por isso", incentiva.
        Estão entre as ações em execução da Coordenação-Geral de          Promoção da Liberdade Religiosa a recriação do Comitê Nacional          de Respeito à Liberdade Religiosa (CNRLR); a oferta de cursos de          capacitação sobre diversidade religiosa e a assinatura dos          parcerias com universidades federais de diversos estados para a          criação de projetos como "Respeite meu terreiro: Racismo          religioso contra os povos tradicionais de religiões de matriz          africana no Brasil".
        Dados Disque 100 denúncias e violações por intolerância            religiosa - 2022 e 2023
        | 2022 | 2023 | |
| Denúncias | 898 | 1.478 (64.59% de aumento) | 
| Violações | 1.184 | 2.124 (79.39% de aumento) | 
De acordo com o painel da Ouvidoria, as pessoas violadas com          mais frequência são pertencentes, nessa ordem, às religiões          Umbanda, Candomblé, outras declarações de religiosidades          afro-brasileiras, evangélicos e católicos.
        Origem da data
        O artigo 5º inciso VI da Constituição Federal de 1988 define          que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo          assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,          na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas          liturgias". No entanto, na prática, ainda há muito o que          realizar nesse âmbito.
        O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi          oficializado no Brasil em 2007, por meio da Lei n.º 11.635, de          27 de dezembro. A escolha da data é em homenagem à Mãe Gilda,          fundadora do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador (BA),          que sofreu diversos episódios de difamação e intolerância e teve          sua casa e terreiro invadidos por um grupo de outra religião.
        A Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos fundou o terreiro de          Candomblé em 1988 nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de          Itapuã em Salvador. Ao completar sete anos de iniciada na          religião, no Terreiro de Oya, ela recebeu o cargo de iyalorixá.          A liderança religiosa foi uma ativista social e se destacou pela          sua personalidade forte e grande participação em ações para a          melhoria do bairro de Nova Brasília de Itapuã.
        Injustamente caluniada, perseguida e agredida física e          verbalmente junto com o marido, ela morreu no dia 21 de janeiro          de 2000, vítima de um infarto fulminante.
        Disque 100
        Canal gratuito e acessível, o Disque 100 (Disque Direitos          Humanos) pode ser acionado por ligação gratuita bastando discar          100; WhatsApp (61) 99611-0100; Telegram (digitar          "direitoshumanosbrasil" na busca do aplicativo); site do          Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para videochamada          em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Em todas as plataformas          as denúncias são gratuitas, anônimas e recebem um número de          protocolo para que o denunciante acompanhe o andamento da          denúncia diretamente com o Disque 100.
        Acesse o painel neste link: https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh
      

