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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | 
Governo aponta grande potencial de mercado para sociobiodiversidade
Por Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil
      A urgência de mudança na forma como o ser humano se relaciona        com os recursos necessários a sua sobrevivência tem mobilizado o        planeta em busca de soluções duradouras. Com esse objetivo, o        governo brasileiro construiu, em 2023, um plano de transformação        ecológica que propõe conduzir o país a uma economia fortalecida        por novas relações entre as pessoas, na forma de produzir, e com o        meio ambiente.
      A estratégia reúne políticas públicas em seis eixos, entre os        quais estão iniciativas de bioeconomia, como as medidas que o        governo vem adotando para o controle do desmatamento em diferentes        biomas, a Bolsa Verde, o Plano Safra Sustentável, a recuperação e        a concessão de florestas e a proposta de criação de um megafundo        internacional para preservá-las.
      A proposta aponta ainda desafios e vantagens que o Brasil        apresenta diante da inevitável transição para a economia de baixo        carbono e, ao longo do período em que o Brasil preside o G20, a        equipe ministerial tem apresentado esse plano a outras nações, com        o objetivo de somar forças para efetivar medidas que favorecem a        todos. O G20 é formado pelos 19 países mais ricos do mundo, mais a        União Africana e a União Europeia.
      "Nosso país é megadiverso, está no topo dos países        megadiversos, e nós temos algo em torno de 17% a 20% da        biodiversidade do planeta. Logo, nós temos muitas possibilidades        de criar cadeias de valor, novos produtos, novos materiais. Só        que, para isso, precisamos dos corretos investimentos", afirmou a        ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima,Marina Silva, ao        apresentar uma agenda da economia descarbonizada para investidores        internacionais.
      O tema é tão relevante para o governo federal que, de forma        inédita, o Brasil criou uma iniciativa de bioeconomia na estrutura        do G20 e logo definiu o conceito sobre o qual está tratando: "um        sistema econômico que utiliza recursos biológicos renováveis para        produzir bens, serviços e energia, de forma sustentável e        eficiente", e complementou apresentando um potencial de mercado        para a sociobiodiversidade, somente na Amazônia, de US$ 2,5        bilhões ao ano, com possibilidade de atingir US$ 8,1 biliões até        2050.
      Além de debater com agentes econômicos as oportunidades que a        bioeconomia pode gerar, considerando os diferentes biomas, macro e        microterritórios do Brasil, a iniciativa no G20 também tem        trabalhado em um processo construtivo sobre esse modelo, os        avanços na ciência, tecnologia e inovação para o setor e a        participação desse sistema econômico no desenvolvimento        sustentável.
      "É uma tentativa muito forte para somar esforços no sentido de        alinhar esse conceito, para entender como ele se relaciona com        biodiversidade, para ver que tipo de contribuições e cooperações        tecnológicas são possíveis, a partir da bioeconomia e discutir as        iniciativas, programas e ações que já têm impacto nos países",        explica a subsecretária de Desenvolvimento Sustentável da        Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda,        Cristina Fróes Reis.
      Economia circular
      A forma de produção estruturada pelo sistema da bioeconomia        representa uma mudança em relação ao modelo linear tradicional,        baseado em combustíveis fósseis e matérias-primas finitas. É um        dos caminhos necessários a constituição de uma estrutura maior,        que é a economia circular, complementada por mudanças de        comportamento, que minimizam desperdícios e tornam as cadeias        produtivas mais eficientes.
      A economia circular é outro eixo que compõe o plano de        transformação ecológica com políticas públicas voltadas para a        mudança comportamental sobre consumo e descarte. Políticas        públicas como o Programa Pró-Catador, a universalização e        modernização do sistema de saneamento básico, produção de        biometano por meio de resíduos sólidos urbanos e regulamentação do        crédito de reciclagem.
      Um estudo feito pela sociedade civil organizada, por meio de        uma força-tarefa que reuniu mais de 200 organizações durante sete        meses, aponta no relatório final "Caminhos para o Plano de        Transformação Ecológica do Brasil", um potencial de crescimento do        PIB entre US$ 10 e 20 bilhões anuais, para o setor, além da        capacidade de gerar até 1,2 milhão de empregos e outras        oportunidades de renda, até 2030.
      Transição energética
      A transição energética é outra vantagem competitiva em relação        aos demais países na mudança para uma economia de baixo carbono.
      Com uma matriz energética mais renovável que a média mundial e        uma matriz elétrica constituída 84,25% por fontes renováveis como        a hídrica (55%), a eólica (14,8%) e a biomassa (8,4%), o Brasil        tem potencial para acrescentar a seu PIB (Produto Interno Bruto,        soma de todos os bens e serviços produzidos no país) até US$75        bilhões ao ano até 2030, nesse setor, segundo dados apresentados        ao governo por organizações da sociedade civil.
      Os projetos de lei que criam um marco regulatório para o        hidrogênio verde e estimulam o uso de combustíveis sustentáveis em        diversos setores, além de estabelecer regras para captura e        estocagem de dióxido de carbono, são algumas das políticas        públicas desenhadas dentro do plano de transformação ecológica        para esse setor, gigante, em potencial de expansão, segundo afirma        a ministra Marina Silva. "O Brasil é o país que pode ajudar os        demais países a fazerem a sua transição."
    




