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| 1º de Maio Unitário 2024 das Centrais Sindicais - Foto: Roberto Parizotti | 
Iniciativa é do Ministério Público do Trabalho (MPT)
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil | Edição: Juliana        Andrade
      O Ministério Público do Trabalho (MPT) realiza, durante todo        este mês, a campanha Maio Lilás, que busca estimular a        participação dos jovens nos sindicatos de trabalhadores. A        campanha faz parte de um conjunto de ações previstas no projeto        estratégico da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade        Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do MPT, denominado        Sindicalismo e Juventude, que será desenvolvido como piloto nas        procuradorias regionais do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro),        2ª Região (São Paulo), 4ª Região (Rio Grande do Sul), 17ª Região        (Espírito Santo) e 20ª Região (Sergipe).
      Segundo a procuradora regional do Trabalho Viviann Brito        Mattos, titular da Conalis, no âmbito do projeto, foi feita uma        análise da diversidade nos sindicatos. "A gente percebeu que os        sindicatos, além de nem todos terem uma participação da juventude        dentro da sua própria estrutura, não havia uma aproximação em        relação às lutas da juventude trabalhadora, que é mais suscetível,        no momento atual, ao subemprego, à precarização", disse ela nesta        segunda-feira (6) em entrevista à Agência Brasil.
      O projeto buscar abrir espaço e diálogo social, aproximando        dois atores sociais, que são a juventude trabalhadora e o        movimento sindical. "Porque, a partir do momento em que os jovens        não têm voz, não são ouvidos e acompanhados, isso dá uma perda em        termos de negociação coletiva, na proteção dos direitos dos        trabalhadores e, sobretudo, contribui, inclusive, para a        precarização dos direitos. E o sindicato, por sua vez, quando não        se aproxima da juventude, ele deixa de conhecer a realidade        daquele momento, daquele jovem", ressaltou.
      Formas de trabalho
      Viviann Brito Mattos destacou o surgimento de novas formas de        trabalho, que "ameaçam o futuro do próprio emprego e precisam ser        debatidas". "Todos os atores envolvidos serão afetados e, no caso,        a juventude é aquela que vai ser a mais afetada no primeiro        momento." Por isso, a procuradora defende o diálogo entre a        juventude trabalhadora e os sindicatos, visando tornar o país mais        justo para toda a população.
      Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)        revelam que o número de filiados em sindicatos com idade entre 16        e 29 anos caiu de 3 milhões para 1,3 milhão no Brasil, entre 2012        e 2022, o que representa perda de 55%. A procuradora observou que        esse é um fenômeno que ocorre também em outros países. Para        Viviann, a não filiação tem uma série de razões. Uma delas tem a        ver com mitos ou representações sociais negativas.
      Na avaliação da procuradora, o jovem está mais suscetível a        pressões externas, porque está em uma faixa de idade em que muitas        vezes não consegue nem trabalhar, nem estudar. É a chamada geração        nem-nem. Além de sofrer com o desemprego, há o problema da        precarização, ou seja, da informalidade.
      Ganho duplo
      A coordenadora da Conalis argumentou que, com a filiação aos        sindicatos, ganham os dois lados: jovens e os próprios movimentos        sindicais. "Porque hoje o que nós temos é um sindicato que precisa        se revitalizar e ele só se revitaliza a partir do momento em que        traz a juventude, dialoga com a juventude. E esta precisa da        proteção de direitos. E para a proteção desses direitos, o        sindicato é o caminho. Só uma ação coletiva de direitos tem        condição de melhorar as condições de trabalho."
      A campanha Maio Lilás segue até o final deste mês. O MPT tem o        papel de aproximar as partes, para que elas possam dialogar.        Viviann deixou claro que esse diálogo não significa que as duas        partes precisam concordar com tudo, "porque pode-se chegar ao um        mesmo resultado tendo opiniões diversas, mas com um centro de        convergência e aquilo pelo qual se luta".
      A campanha é promovida pelo MPT desde 2017. A escolha do mês        tem como base a greve geral organizada pelos trabalhadores de        Chicago, nos Estados Unidos, no final do século 19, muitos dos        quais foram mortos ou presos por lutarem por valorização e por        melhores condições de trabalho. Já a cor lilás é uma homenagem às        129 mulheres trabalhadoras, que foram trancadas e queimadas vivas        em um incêndio criminoso numa fábrica de tecidos, em Nova York, em        8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e redução        da jornada de trabalho. No momento do incêndio, a fábrica        confeccionava um tecido de cor lilás.
    



