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| Tela de Johann Moritz Rugendas de 1830 | 
Países da Europa pediram desculpas pelo tráfico de negros
Por TV Brasil | Edição: Carolina Pimentel
      O 13 de maio marca o Dia da Abolição da Escravatura, instituída        pela Lei Áurea há 136 anos. A data marca debate sobre como deve        ser a reparação histórica ao povo negro escravizado.
      Em 1992, o Papa João Paulo II pediu perdão pelo papel da Igreja        a favor da escravidão. Holanda, Alemanha e França, países que        lucraram com regimes escravistas, também reconheceram os crimes        cometidos contra ex-colônias.
      Um dos atos mais recentes foi de Portugal. No fim de abril        deste ano, o presidente Marcelo Rebelo disse que o país foi        responsável por crimes cometidos durante a escravidão        transatlântica e a era colonial, e sugeriu a necessidade de        reparações. Apesar de não ter sido formalizado, o gesto do        presidente português atende a uma antiga reivindicação do        movimento negro no Brasil e é considerado primeiro passo para a        implementação de uma política de reparação, focada em reduzir as        injustiças históricas contra negros.
      Durante mais de quatro séculos, pelo menos 12,5 milhões de        africanos foram sequestrados, transportados à força por longas        distâncias, principalmente por navios e comerciantes europeus, e        vendidos como escravos.
      Portugal e Inglaterra aparecem como os países que mais        traficaram. Estima-se que quase 6 milhões de negros tenham sido        vítimas do sistema escravista português.
      O Brasil era o principal destino, para onde vieram entre 4 e 5        milhões de homens, mulheres e crianças. Cerca de 1 milhão chegou        pelo Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, o maior porto        escravagista das Américas.
      A historiadora especialista em escravidão e relações raciais        nas Américas, Ynaê Lopes Santos, destaca que a reparação pode        ocorrer com ações de curto, médio e longo prazo. Ela cita, como        exemplo, a devolução de artefatos aos países colonizados.
      "No caso de Portugal e muitos países europeus, há um        reconhecimento das suas ações colonialistas em relação a        artefatos. Uma trajetória interessante da devolução de objetos que        estão em muitos museus na Europa, mas que pertencem a países que        foram colonizados. Eu  acredito em uma política de reparação        financeira", afirmou.
      Brasil
      Há também a cobrança por reparação pelo Estado brasileiro.
      Em setembro do ano passado, o Ministério Público Federal, por exemplo, passou a investigar a responsabilidade do Banco do Brasil no tráfico de pessoas negras escravizadas no século XIX. A instituição financeira pediu perdão ao povo negro.
Outra proposta é a criação de um fundo soberano para sanar privações de direitos. Para o presidente da Comissão da Igualdade Racial do Instituto dos Advogados Brasileiro (IAB), Humberto Adami, as propostas de reparação devem ser buscadas, mas acredita em uma "difícil implementação com as forças políticas de hoje".



