Assembleia da Petrobras vai decidir sobre novos nomes para o conselho e destinação de dividendos e lucro
Por Gabriela Ruddy - EPBR
      RIO – A Petrobras publicou na manhã desta sexta-feira (22/3) a        convocação para a Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária        (AGOE) em 25 de abril. A proposta confirmou a indicação para vagas        no conselho de administração dos candidatos ligados ao ministro de        Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e ao ministro da        Fazenda, Fernando Haddad (PT).
      Além da eleição do conselho, também vão ser debatidos na        reunião de acionistas a criação de uma reserva estatutária e a        aprovação da remuneração dos administradores da estatal. É        importante ressaltar que a União é acionista majoritária da        estatal e, portanto, tem poder de decisão nas assembleias.
      Entenda, a seguir, os itens que vão ser deliberados:
      Eleição do conselho de administração
      O colegiado tem 11 membros, tamanho mantido na proposta de        convocação publicada hoje, mas que deve ser confirmado pela        votação dos acionistas na assembleia. Em seguida, os acionistas        elegem a nova composição do conselho.
      A União indicou, ao todo, oito nomes, que devem preencher seis        vagas. Estão no grupo indicado pelo governo para reeleição o CEO        da estatal, Jean Paul Prates e o advogado Bruno Moretti, escolha        pessoal do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
      Outros três nomes candidatos à reeleição são ligados a        Silveira. É o caso do atual presidente do conselho, Pietro Mendes,        que deve ocupar o cargo por mais dois anos. A permanência do        executivo no cargo é um dos itens sujeitos a votação na        assembleia.
      As outras duas indicações do ministro são Victor Saback e        Renato Galuppo. Este último já estava participando de comitês        internos da estatal nos últimos meses e em janeiro passou a ocupar        a vaga no conselho deixada pelo ex-secretário executivo do MME,        Efrain da Cruz, que foi exonerado.
      Os novos nomes propostos nas indicações da União são da        engenheira Ivanyra Maura Medeiros Correia e do        secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda Rafael        Dubeux.
      A articulação para a entrada de um nome ligado ao ministro da        Fazenda no colegiado ocorreu após a crise com o mercado financeiro        desencadeada pela decisão do governo de reservar dividendos        extraordinários relativos ao 4º trimestre de 2023. Com isso,        Dubeux entra no lugar de Sérgio Rezende, nome do Planalto que não        está entre os candidatos à reeleição.
      Cinco cadeiras do conselho são ocupadas por uma representante        dos empregados – que seguirá com Rosângela Buzanelli – e quatro        são de conselheiros indicados pelos acionistas minoritários.
      Para as duas vagas dos minoritários que são escolhidas pelo        mecanismo de voto múltiplo são candidatos à reeleição Marcelo        Gasparino e José João Abdalla Filho. Outras duas são escolhidas        pelo voto em separado da União, sendo uma para os        preferencialistas e outra para os ordinaristas. A cadeira dos        preferencialistas está em disputa entre Aristóteles Nogueira Filho        e Jeronimo Antunes, dado que o atual ocupante, Marcelo Mesquita,        não pode mais ser reeleito. Para a vaga escolhida em separado        pelos ordinaristas, o candidato à reeleição é Francisco Petros.
      A instâncias internas de conformidade da Petrobras indicou que        estão aptos às vagas, sem vedações, os nomes de Rosangela        Buzanelli, Ivanyra Correia, Renato Galuppo, Pietro Mendes, Jean        Paul Prates, Bruno Moretti e Vitor Saback. Os demais indicados        ainda estão pendentes de análise.
      O Comitê de Pessoas (Cope) da Petrobras classificou Correia e        Galuppo como independentes entre os candidatos da União. A        deliberação final sobre a independência dos conselheiros vai        ocorrer na assembleia
      Análise das demonstrações financeiras
      Os acionistas também precisam analisar na assembleia as        demonstrações financeiras da companhia referentes ao ano de 2023,        assim como o relatório dos auditores independentes e o parecer do        conselho fiscal da estatal sobre os números.
      Está incluída na deliberação deste item a aprovação do        pagamento de R$ 72,4 bilhões em dividendos totais aos acionistas,        referentes ao lucro líquido de 2023, assim como a destinação de R$        6,1 bilhões à reserva legal da empresa.
      Uma das novidades é a proposta de criação de uma reserva        estatutária para remuneração de capital e custeio de programas de        pesquisa e desenvolvimento (P&D). O governo optou por não        distribuir dividendos extraordinários e destinar os valores para        esta reserva, o que gerou controvérsias entre a estatal e o        mercado. Em conferências com analistas e jornalistas este mês, o        CFO da Petrobras, Sérgio Leite, ressaltou que o valor da reserva        estatutária pode ser usado apenas para o pagamento de dividendos,        segundo as regras vigentes.
      Está prevista a destinação de R$ 43,87 milhões para a reserva        de remuneração e R$ 633,26 milhões para a reserva de P&D.
      Eleição do conselho fiscal
      Os acionistas da Petrobras também vão eleger cinco membros para        o conselho fiscal da empresa e os respectivos suplentes.
      O MME indicou como titulares os nomes de Daniel Cabaleiro        Saldanha e Cristina Bueno Camatta e o Tesouro Nacional indicou        Viviane Aparecida da Silva Vargas. Concorrem pelos acionistas        minoritários Daniel Alves Ferreira, Paulo Roberto Franceschi e        João Vicente Silva Machado.
      Remuneração dos administradores
      Um das propostas que precisam ser aprovadas pelos acionistas na        assembleia é a remuneração dos administradores, do conselho de        administração e do conselho fiscal, além de membros de comitês        estatutários. O valor total proposto é de R$ 41,95 milhões para o        período de abril de 2024 a março de 2025.
      Alteração no estatuto
      O único item previsto para votação na assembleia extraordinária        é a alteração de artigos do estatuto da companhia para substituir        o termo "Ministério da Economia" por "Ministério da Gestão e da        Inovação em Serviços Públicos". A mudança é uma formalização, para        adequação à organização dos ministérios sob o governo Lula.
    



